Presente do TUBA -

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" Não é a força ,mas a constância dos bons sentimentos que conduz o homem à felicidade".Nietzsche

" Não é a força ,mas a constância dos bons sentimentos que conduz o homem à felicidade".Nietzsche

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Olhei-te com o verde da esperança.Mas descobri que, ainda procuras a cor da escuridão.Que pena!

















Sei,
Teus sentimentos mudaram - acalmaram.
Nem precisavas informar.
Sinto em cada palavra pronunciada,
Que mudaram mesmo, infelizmente.

Perguntei se essa mudança era boa, ou ruim.
Respondeste: - “Nem boa, nem ruim”.
Sendo assim, é pior do que eu pensava...
Que pena!

E eu, que te amei tanto – ainda te amo a cada dia!
Resta-me apenas o pranto
Banhado de desilusão.

Queria que enxergasse minhas lágrimas rolando
Não para ter pena
E sim para saber o que acontece quando se alimenta esperança junto à pessoa amada e a desilução é maior - mil vezes maior.

Sinto,
Que o encanto foi quebrado
E que, agora calado
Almejas outra ( não lancei nenhum encanto sobre ti, apenas te deixei fazer parte de minha vida).
Entreguei-te o que de mais belo há em mim – meu coração!
Não quiseste.
Olhei-te com o verde da esperança.
Mas descobri que, ainda procuras a cor da escuridão.
Que pena!


Então,
Se não me amas;
Se não me queres;
Se não vivo mais nos teus pensamentos;
Se não me deixas te fazer feliz;
Se não queres meus carinhos;
Se não queres mais saber dos meus dias;
Se não sou a mulher dos teus sonhos;
Se...
Se...
Se...

Melhor sair de cena,
Junto com aqueles poemas (aqueles que dedicaste a mim!)
Antes que a peça termine
E o público, não peça “bis”.
Que pena!
Q u e p e n a!


*Baseada em amores acabados e na música que diz o seguinte:

“ ...Não, não deixes terminar,
O amor que ainda está,
Está pra começar...”

Cármen Neves.
www.carmenneves.prosaeverso.net
http://soparadizerquetenhoumblog.blogspot.com/
www.recantodasletras.com.br
www.artistasgauchos.com.br
" Se você julga as pessoas, não tem tempo para amá-las"
( Madre Teresa de Calcutá - 1910-1997)

Paixão ou tesão?!
























Não é paixão - é tesão!

* Calma, foi só para rimar( sorriso).
** Imagem da net.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Belas Imagens!























































* Belas imagens, "roubadas" da net e de blogs.( sorriso).
Não são lindas?!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Desejo a todos...



















Desejo a todos um bom carnaval e/ou descanso.
Cármen Neves.

* Imagem da net .
http://static-p4.fotolia.com/jpg/00/04/83/33/400_F_4833325_mpuzPyJDKjUOMIE57ZJuu6Y7e4Y0Uih6.jpg

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Terceiro capítulo - Castelo dos Desejos.






















III

Castelo dos Desejos.

Ele caminhava rapidamente, e ela mal conseguia acompanhá-lo.

- Estás machucando o meu braço – disse ela, quase sendo arrastada.

- Eu não quero te machucar, mas vejo que será necessário. E não estou falando do braço...

Durante todo o caminho, apesar da dor que sentia, ela se manteve firme em seu propósito: não ceder aos desejos dele. O caminho era longo. Muitas escadas foram descidas. Ele percebeu que a força da sua mão deixava marcas no braço dela, mas mesmo assim a ira que sentia não diminuiu, e apertava ainda mais a mão quando via em seus olhos que ela realmente não o queria.

Ser rejeitado era um sentimento que ele jamais havia sentido. Usar de força era a sua opção no momento, e, de tanto usá-la, ela nem sentia mais dor. Seu braço já estava dormente quando chegaram a um imenso corredor frio, escuro e estreito. Eles passaram por algumas portas durante o trajeto. Ao fazer a primeira curva, ele desacelerou os passos. Ela olhou em seus olhos, quando pararam diante da última porta, no fim do corredor, e sentiu medo quando ela se abriu sozinha, dando lugar a uma escadaria.

Olhando para baixo, ela avistou uma pequena luz vinda de uma única tocha acessa, presa à parede. Começaram a descer os quarenta e cinco graus em direção ao subsolo. O frio aumentava à medida em que desciam. Algumas tochas se acenderam, dando-lhe a verdadeira dimensão do lugar. Sentiu que ele realmente não estava brincando quando, ao descer o último degrau, avistou correntes e chicotes presos à parede. Ele soltou o seu braço, fitou nos seus olhos, e disse, com voz firme:

- Agora saberás o que é tortura.

- Estou com frio.

- Tira a roupa!

- Mas está muito frio aqui.

- Vais me desobedecer outra vez?

Não precisou pedir novamente. Diante de seus olhos, ela se despiu o mais rápido que pôde. Nua, sentindo-se humilhada, não imaginava o que estava ainda por vir. O frio congelava o seu corpo e o seu queixo não parava de bater. Começou a vestir-se. Ele imediatamente gritou:

- Quem mandou tu te vestires?

Ela se assustou e largou a roupa no chão. Neste instante ele a tomou pelas mãos e prendeu seus pulsos na grossa corrente suspensa no teto. Braços levantados e imobilizados, corpo livre para ser tocado, ela não se deixou abater, e perguntou:

- Vais me chicotear?

- Bem que tu merecias, mas o teu castigo será pior.

Ele se colocou à sua frente, fitou seus olhos, e começou a passar as mãos pelo seu corpo. Ela chutou as pernas dele. Ele se afastou, tirou-lhe as correntes e disse:

- Deita na cama.

- Que cama?

- Aquela ali – respondeu, olhando para o lado.

Ela aproveitou o instante de distração e não pensou duas vezes: subiu as escadas correndo. Quando ela se aproximou da porta, todavia, esta se fechou. Procurou em vão a maçaneta, mas não havia maçaneta. Começou a chorar. Em tom autoritário, ele lhe disse:

- Só sairás daqui quando eu quiser!

Nuvens negras pairavam sobre sua cabeça. Aflita e inconsolada, por alguns minutos ela relutou em voltar. Enxugou as lágrimas, levantou a cabeça, desceu as escadas em direção à cama, e se deitou. Ele amarrou seus braços e pés às grades da cama e perguntou:

- Estás com frio?

Ela não respondeu, e olhou-o com desprezo.

Ele tirou a capa, depois o restante das roupas, e deitou-se, nu, sobre o corpo dela. Sussurrou ao seu ouvido, maliciosamente:

- O frio está passando?

Ela virou o rosto para o outro lado.

Ele expressou raiva ao dizer:

- Mesmo diante da situação, tu ainda me desafias?

Ela tentou inutilmente se soltar. Ele entrelaçou os braços sob o seu corpo, trazendo-a para perto dele alguns centímetros acima da cama. Ela sentiu o seu pescoço, os seus seios e as suas pernas serem sugadas, e gritou:

- Não! Eu não quero!

- Mas eu quero – ele disse, passando os dedos pelo seu sexo.

- Não, por favor! Eu te imploro! – disse ela, chorando.

As lágrimas que rolavam pelo rosto dela deixaram-no sem saber ao certo o que fazer. Irritado, tentou ainda prosseguir. Ela lutou, voltando-se de um lado a outro. Ele finalmente a soltou, levantou-se e, enquanto a desamarrava, disse:

- Tenho que receber meus convidados. Mais tarde eu volto.

Jogou as roupas dela em cima da cama, vestiu-se e subiu as escadas. A porta se abriu para deixá-lo passar, e fechou-se outra vez atrás dele.

No caminho de volta, ele encontrou a criada, e ordenou-lhe:

- Leva ao calabouço um cobertor e comida. Depois da festa eu descerei para ver se ela está disposta a cooperar.

- Em que calabouço ela está?

- O meu pensamento te guiará. Não se preocupe com a porta, ela se abrirá e fechará na medida em que te aproximares. Peça ao mordomo para te acompanhar.

Assim a criada assim o fez. Levou um cobertor de pele de coelho, pois sabia o frio que habitava naqueles porões, pediu ajuda ao mordomo e, juntos, levaram comida e agasalho o suficiente para que ela não se sentisse tão desprotegida. Ao ver a criada, ela correu ao seu encontro.

- O que foi que a senhorita fez para levantar a ira dele? – perguntou-lhe a criada.

- Disse que não iria à festa.

- E a senhorita quer ficar aqui?

- Não...

- Então, acho melhor te comportar e usar da tua inteligência.

Antes de sair, a criada pediu-lhe que comesse e se aquecesse debaixo do cobertor.

- A senhora tem que ir agora?

- Sim.

- Então irei junto – disse ela, levantando-se.

- Acho melhor permaneceres aqui. Senão, além da senhorita, eu também serei castigada.

Para proteger a criada, ela desistiu da fuga. Permanecer naquele lugar sombrio e gélido, onde o calor do sol não habitava e a luz dos dias jamais foi convidada a entrar...

Sentada na cama, acuada, observou tudo ao seu redor. As correntes faziam-na visitar a negritude da sua imaginação, e ouvir os gritos de dor de corpos chicoteados. O medo a fez permanecer acordada. Todavia, seus olhos começaram a pesar com o passar dos intermináveis segundos. Foi vencida pelo cansaço, acordando somente ao escutar o ranger da porta se abrindo. Pensou em ceder os seus encantos, a fim de acabar de vez com tudo aquilo.

Ele desceu os degraus rapidamente, chegando diante dela como num piscar de olhos. Não foi preciso perguntar nada. Ela sentiu o desejo ainda presente no olhar dele. Lembrou-se do conselho da criada, mas a recusa era maior, e deixou estampado em seu rosto o desprezo que sentia por aquele homem. O seu corpo, entretanto, obedeceu ao comando do seu olhar. Paralisada, sentiu os olhos deles percorrer todo o seu corpo estremecido Ele se aproximou. Sentiu o hálito dela através de um quase beijo. O coração da jovem disparou. Ele tirou a capa e se posicionou atrás de suas costas, sussurrando ao seu ouvido:

- Tira o vestido.

Hipnotizada, ela começou a se despir. Sentiu a respiração dele aquecer a sua nuca.

Novamente um comando:

- Tira tudo!

Ela respirou fundo e obedeceu.

Ainda atrás dela, ele beijou seu pescoço, e sentiu, através de suas mãos, o corpo dela se arrepiando a cada toque.

- É assim que eu gosto e quero te ver e sentir: obediente – ele informou, tocando o corpo dela. Voltando-se, ficou frente a ela e sentiu, mais do que viu, todo o desprezo estampado na expressão do seu rosto. Disse, furioso:

- Pensei que a tua permanência neste calabouço mudaria os teus atos. Vejo que terei que te punir de verdade.

Amarrou então os seus braços e suas pernas em correntes pressas à parede. Fixou o olhar em seu corpo, possuindo-a com os olhos. Como um animal faminto, devorou o corpo da jovem com a boca. Ela, por sua vez, permaneceu como uma presa morta, imóvel, sem reação. Um verdadeiro ritual de tortura.

Tê-la naquela situação excitava-o. Era necessário que impusesse sua autoridade no momento, mas não era menos excitante do que tê-la ali, nua e sujeita a tudo. Pensou que, ao humilhá-la, romperia as barreiras da sua resistência. Ledo engano! Comprovou a firmeza de propósito da jovem quando, ao tirá-la do transe, ela reagiu sem pensar nas conseqüências, dizendo:

- Isto que estás fazendo comigo é covardia! Não é um ato digno de um homem!

Após despejar a sua revolta, pensou que seria chicoteada por confessar a sua repulsa. Ficou esperando a reação dele. Os seus olhos a denunciavam, dizendo que se encontrava amedrontada. Todavia, indignada.

Ele foi pego de surpresa. Não sabia como lidar com ela. Ficou por alguns segundos pensando o que ela tinha de diferente das demais jovens, já que o seu charme, o seu poder de sedução e o seu título de nobreza sempre foram disputados pelas mais belas mulheres, daquele reino e fora dele. Por que justo ela o deixava sem saber como agir? Se ela era apenas mais uma dentre tantas que já tivera, então por que a sua recusa mexia com ele? Sentia-se atraído, isto não podia negar. Não só pela beleza que possuía, mas por sua determinação em recusar os toques de suas mãos em seu corpo. Ao provar deste novo sentimento, que mexia com as suas estruturas, aliado à raiva que sentia no momento, proferiu as seguintes palavras:

- Vou te mostrar o que é covardia!

Começou a se despir. Acenderam-se tochas, clareando os dois corpos. Nu, ele entrelaçou os braços em sua cintura e encostou seu corpo ao dela. Beijou sua boca. Ela serrou os lábios e virou a cabeça para o outro lado, em sinal de negativa. Ele segurou seu rosto com as duas mãos e tentou outra vez roubar-lhe um beijo. Ela repetiu o ato. Ele disse:

- Então não queres me beijar?

Em seu olhar, ela deixa claro que não o deseja. Maliciosamente ele diz:

- Vamos ver se me beijas agora.

E novamente a beijou, só que, desta vez, encostando umas das mãos entre as suas pernas. Quando o seu sexo foi tocado, ela retribuiu o beijo. Ele encontrara seu ponto fraco. Ele se afastou e sorriu. Ela diz:

- É fácil se aproveitar de mim. Estou amarrada e impossibilitada de agir conforme meus desejos.

E acrescenta:

- Tu não és homem.

Neste exato momento, o sorriso se desfez no rosto dele, e sua testa se franziu. Soltando as correntes que a prendiam, ele respondeu:

- Estás enganada. Sou homem, sim, e vou te mostrar.

Ele se aproximou. Ela deu um passo atrás. Ele se aproximou novamente. Ela o encarou e não se moveu. Ele a tomou nos braços e forçou um beijo. Ela tentou empurrá-lo. Uma batalha foi travada entre os dois. Quanto mais ela tentava fugir, mais ele a desejava, tornando a caçada interessante e excitante!

Assim ele a visualizara: uma presa em fuga. Ela, por sua vez, conseguia enxergar o caçador implacável que residia naquele corpo. Ele a soltou, e outra vez tentou se aproximar. Ela deu um passo atrás, não percebendo que fazia parte do jogo dele o fazê-la agir assim, pois a cada passo para trás, em sinal de rejeição, ela ia, aos poucos, em direção à cama. Todavia, ela não tinha intenção alguma de se aproximar da mesma, pois sabia que ali facilitaria os toques dele. Inútil tal preocupação, percebeu ela, ao ser empurrada. Caiu sobre o colchão, sentindo-se perdida – mas não vencida. Outra batalha de braços, mãos e pernas foi travada ali, entre o colchão e as paredes frias daquele calabouço.

Ela sentia calor, devido à força que precisava fazer para tentar fugir de seus braços, e também sem forças diante de tanto esforço. Restava apelar para as palavras, e não pensou duas vezes ao dizer:

- Não, por favor, não!

Ele, por alguns minutos ainda, permaneceu em cima de seu corpo, sugando-o e alisando-o por inteiro, fingindo não escutá-la.

- Não! – insistiu ela, chorando.

Ele fez uma pausa, soltou-a e disse:

- És presa fácil para mim. Não adianta fugires. Vou tê-la quando que eu quiser. Mas antes brincarei um pouco. Estou gostando desta situação, ou melhor, dessa competição.

Enquanto dizia isto, ele voltou a amarrá-la na cama.

- Vou te deixar aqui para pensares mais um pouco. Voltarei todos os dias e terás o mesmo tratamento até que decidas te entregar.

- Morrerei de frio, nua e amarrada.

- Não morrerás – disse ele, vestindo-se.

Ao subir as escadas, todas as tochas outra vez se acenderam por si mesmas, aquecendo o lugar, amenizando o frio do cativeiro.

Chorar parecia ser a única solução no momento. E assim ela ficou, até o dia seguinte, entre choro, fome e medo.

Chegara a noite lá fora, mas a escuridão no subsolo não permitiu que ela visse o caminhar do dia. A porta se abriu. Ela sabia que iria sofrer por horas diante dele. Ele desceu os graus, vestindo a sua capa preta. A cada passo em sua direção, o corpo dela tremia de medo.

Ele desceu apressado, sabendo que ela permanecera ali como a deixara. Nua, acorrentada à cama. Parado diante dela, fez com que levantasse o rosto, e deslizou as mãos pelo seu corpo. Ela tentou se desvencilhar, mas as correntes machucavam seus pulsos e seus tornozelos. Em um mero fio de voz, ela implorou:

- Não, por favor, não!

Ao tocá-la, ele sentiu que seu corpo estava quase congelado. E ficou observando-a. Aquele olhar amedrontado modificava os seus planos. Vê-la acuada e desprotegida sobre a cama era algo que não lhe causava prazer. Gostava de presa difícil, e não tão fácil como ela naquele momento. Aproximou-se mesmo assim, e beijou os seus lábios tão gélidos quanto o desejo dela em relação a ele. Sentiu que ela havia retribuído devido apenas às circunstâncias. Mas continuou e desceu os lábios pelo seu pescoço. Ela tremia. Tentou tocar seu sexo. Ela fechou as pernas, trancando a sua mão entre as coxas.

Sem deixar que ela percebesse, pela primeira vez ele havia gostado da sua reação. Um olhar de incompreensão nasceu nos olhos cansados dela, ao vê-lo ali parado, observando-a com uma ligeira expressão de satisfação. Surpreendeu-se quando ele a libertou das correntes e a pegou no colo, enrolando-a no cobertor e carregando-a lentamente escada acima.

Sentir-se protegida em seus braços contrariava toda a repulsa vivenciada naqueles últimos dias. Mas era exatamente assim que ela se sentia - protegida. O calor do corpo dele fazia uma barreira contra a corrente de ar gelado que circulava no ambiente. O ritmo descompassado do coração da jovem anunciou a esperança de melhores momentos. Quanto ao coração dele, pedia para se apressar. Caso contrário, ele a perderia para sempre.

Assim subiram até o quarto dela. Uma promessa de mudança pairava no ar, como se a esperar um milagre nos instantes seguintes. Fragilizada, desmaiou em seus braços. Ele ficou desesperado e tentou reanimá-la, colocando-a dentro da banheira de águas cálidas. A sua ajuda era crucial diante de tal circunstância. Sentia medo só em pensar que poderia perdê-la para a morte. Seria uma situação patética, pensava ele.

Entrou na banheira amparando-a para que não se afogasse, já que se encontrava inconsciente. Ficaram na água apenas alguns momentos. A intenção era normalizar a temperatura de seu corpo. Secou-a rapidamente, e levou-a à cama, deitando-se a seu lado embaixo do cobertor.

A criada entrou o quarto, e ele lhe pediu que providenciasse imediatamente uma sopa e uma xícara de chocolate bem quentes. Durante a espera, ela murmurava palavras sem sentido. Entrara em estado de puro delírio. Ele procura utilizar seus poderes, e colocá-la em transe, a fim de ganhar tempo até a criada voltar. Os segundos pareciam horas, horas de puro tormento. Quando a criada retornou com a bandeja, ele respirou um pouco aliviado.

A criada fechou todas as janelas, acrescentou lenha à lareira, e, enquanto isto, ele tentou reanimar a donzela levando-lhe comida à boca. Uma tarefa difícil, já que ela estava desacordada. Ele precisou testar a sua força de vontade, aliada à paciência, a princípio apenas encostando o líquido nos lábios dela, e forçando-o boca adentro, quando ela, em seu delírio, entreabria os lábios. Aos poucos, a palidez que perdurava na face da jovem deu lugar à cor natural de sua pele. Preocupada, a criada perguntou:

- O senhor deseja que eu faça algo mais?

- No momento não. Quero apenas que não saia deste andar. Escolha um dos quartos de hóspedes, o mais perto deste, para, caso eu precisar de sua ajuda, possa vir o mais rápido possível.

- Assim será – disse ela, e saiu.

Acordada e ainda sem forças para sair da cama, a donzela o questionou:

- O que houve?

- O frio foi implacável contigo. Tive que tirá-la de lá.

Ela olhou para o alto, tentando resgatar os últimos momentos da sua permanência naquele buraco solitário e assustador. Não conseguiu resgatar tudo, apenas resquícios de lucidez.

- Como cheguei até aqui?

- Não lembras? Eu te trouxe no colo.

Ela fez uma pausa prolongada e informou:

- Estou com sono...

- Antes quero que tomes o conteúdo desta xícara: é chocolate quente.

Assim ela fez. Necessitava melhorar. Adormeceu olhando para o rosto dele, deitada e devidamente aquecida, tentando descobrir o que tinha em mente. Ele vigiou o seu sono até o amanhecer. Deixou instruções à criada não só para alimentá-la, mas também para fazê-la melhorar o quanto antes, já que a incluía em seus planos para os próximos dias.

- O que houve comigo, senhora? - perguntou ela, um pouco melhor.

- Não sei ao certo, mas a senhorita quase morreu, e teria morrido, se ele não agisse rápido.

- Eu preferia morrer – disse ela, tentado se levantar.

- Não diga isso. Trata de ficar forte e não desobedecer mais a nenhuma ordem dele.

Assim se passaram alguns dias, entre os cuidados da criada e as visitas dele à noite, quando ela estava adormecida...


* Foto do livro. Adoro essa foto!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um pedido...











Reze pela minha amiga, a poetisa Catarina Yunen.
Grata!

Cármen Neves.

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" Se você julga as pessoas, não tem tempo para amá-las"

( Madre Teresa de Calcutá - 1910-1997)

* Foto enviada por ela, logo nos primeiros e-mails trocados.

Segundo capítulo do Castelo dos Desejos.


















II

Ao acordar, ela sentiu que sua presença ali era real e não um sonho, como pensara. Possuída pela curiosidade, abriu o guarda-roupa, colocando o único vestido existente no cabide. Ficou surpresa com a cor branca e a sutil transparência do tecido, mas sentiu-se confortável com ele junto ao corpo. Abriu as cortinas e saiu à sacada, de onde avistou um lindo jardim repleto de rosas rubras, cujo aroma misturava-se ao frescor da bela manhã.

Correndo em direção da porta, ela percebeu que não tinha nada para calçar. Mesmo assim, desceu cuidadosamente as escadas. Havia um silêncio ensurdecedor ao seu redor, mas sentiu coragem o suficiente para prosseguir. Atenta a tudo, observou as sombrias telas expostas nas imensas paredes. Elas possuíam um toque de classe e bom gosto que a intrigou, bem como as suas combinações de cores, suas molduras raras e a sua enorme quantidade. Mas ela não permitiu que isto a desviasse de seu objetivo – sair dali o quanto antes.

Ao atravessar o salão principal, lembranças da noite anterior lhe causaram arrepios. Apressou então o passo, e chegou à porta de entrada, sentindo-se como uma fugitiva. Quase sem forças, empurrou-a. Do lado de fora do castelo, sentimentos de alívio e de liberdade pousaram em seu pensamento. Respirou fundo e começou a desvendar cada centímetro daquela liberdade.

Seguiu, guiada por um aroma de flores, e deparou-se com um magnífico jardim. Por uns instantes, esqueceu-se de sua meta – fugir. Descalça, aproximou-se das rosas, sentiu seu perfume e contemplou-lhes a beleza. Pisando na grama molhada e fria, porém, voltou à realidade. Ao fundo, podia ouvir a melodia das águas cortando o silêncio. Despediu-se do jardim e seguiu em direção oposta ao castelo.

Durante sua trajetória, encontrou uma pequena ponte de pedras com grandes estátuas em forma de indecifráveis pássaros em cada uma de suas extremidades, mas não se deixou amedrontar. Tentou atravessá-la, porém não conseguiu, como se houvesse alguma barreira invisível. Resolveu então permanecer ali, distante do castelo, contemplando a beleza do lugar, escutando o barulho das águas, sentindo o aroma das rosas – até o entardecer, quando o lugar, até então sereno e belo, começou a se transformar em sombrio e assustador. Os pássaros da ponte pareciam observá-la. Até mesmo gritos ela ouviu, como se eles estivessem agonizando. O medo fez com que ela permanece ali, parada, como que petrificada, até o anoitecer.

Sem ter conseguido atravessar a ponte, sua única saída foi retornar ao castelo, mas era difícil encontrar o caminho de volta, devido à escuridão. Ela estava perdida e desesperada. Saiu correndo, batendo-se nas folhas e nas árvores do caminho. Tropeçou e caiu ao chão, sentindo uma intensa dor nos seus pés machucados e com profundos cortes. Chorou baixinho, temendo chamar a atenção de alguém. Tentou mais de uma vez se levantar, mas a imensa dor não a deixava suportar o peso do corpo. De repente, sentiu-se flutuando no ar. Em meio às lágrimas, percebeu que estava no colo dele. Instintivamente, entrelaçou os braços em volta do seu pescoço, encostou a cabeça em seu peito, e foi assim conduzida de volta ao castelo.

Ele a segurava com firmeza, não demonstrando estar bravo. A prioridade, naquele momento, era socorrê-la o quanto antes. Conduziu-a até o quarto sem pronunciar sequer uma palavra, enquanto ela chorava baixinho. Ao chegarem, deitou-a na cama. Ela, como se desmaiasse, adormeceu. Quando a criada entrou, ele dispensou seus serviços, pois pretendia cuidar pessoalmente dela. Pediu-lhe apenas que acendesse a lareira, e providenciasse água e toalhas quentes. A criada acatou-o imediatamente.

Com o ambiente aquecido, tirou-lhe o vestido rasgado e sujo. A visão da bela jovem deitada nua, parecendo uma deusa, fez com que ele esquecesse os ferimentos por alguns segundos. Como não contemplar aquele belo exemplar feminino em sua frente, pensou ele, degustando com os olhos aquele corpo tão desejável. Enrolou os pés da donzela para estancar o sangue e, virando-se para o criado-mudo, umedeceu a branca toalha de veludo em uma bacia de porcelana marfim. Com cuidado começou a lavar o corpo inteiro da donzela, começando pelo seu delicado rosto, de traços belos e encantadores. Tinha a sensação de estar praticando um ritual extremamente sensual. Em algumas partes do corpo, além da toalha, usava as mãos.

Quando desenrolou a toalha, entendeu a razão dela se encontrar desmaiada, vendo os profundos cortes que tinha nos pés. O sangue que jorrava era precioso demais para ser desperdiçado. Sem hesitar, depois de limpá-los, sugou-os com vontade. Durante este ato, a jovem despertou, amedrontada, ficando ainda mais aflita ao perceber que estava coberta apenas por um lençol cinza. As lágrimas começaram a rolar de seus cristalinos olhos claros.

Ao perceber que sua hóspede estava consciente, ele suspendeu o ritual e, possuído pelo desejo, tentou acalmá-la sugando-lhe as lágrimas, beijando ferozmente sua boca, lambendo-lhe o pescoço. Ela o empurrou. Ele insistiu, descendo as mãos por suas pernas. Ela novamente tentou afastá-lo. Ele levantou-se de repente, tirou a camisa e encaixou seu corpo sobre o dela. Sentindo o doce hálito de sua boca, percebeu em seus olhos todo o pavor que estava lhe causando. Nesse instante, apertou-a com força e virilidade e, afastando-se de repente, ficou de pé diante da cama, cobrindo-a com o lençol. Ofereceu-lhe as mãos, mas ela não retribuiu o gesto. Ele então caminhou em direção à banheira.

Ela permaneceu na cama, imobilizada, até sua respiração voltar ao normal. Não mais escutando ruídos, levantou-se e dirigiu-se, com dificuldade, ao banheiro. Assustou-se, ao perceber que ele estava sentado na banheira e que, pelas roupas espalhadas no chão, estava obviamente nu. Começou a acendeu as velas uma a uma, até clarear o ambiente. Voltando-se para a banheira, surpreendeu-se ao ver que ele estava adormecido. Cuidadosamente aproximou-se, observando aquele belo exemplar de masculinidade assim indefeso, nocauteado pelo sono.

Como se sentia suja e necessitava mesmo de um banho, sentou-se fora da banheira para lavar o rosto, tentando fazer o menor barulho possível para não acordá-lo. Ao olhar para os próprios pés, ficou intrigada: houvera uma melhora significativa em ambos. Ela os colocou na água quente, a fim de suavizar as dores, mas não resistiu e mergulhou o restante do corpo, cuidando para não fazer barulho. Ficou sentada no lado oposto ao dele, olhando-o fixamente. Ele permanecia imóvel. Um pouco mais aliviada, fechou e abriu os olhos repetidamente, até que o sono, sinal de seu cansaço, fez com que ela adormecesse. Nesse exato momento, ele abriu os olhos e pôs-se a observar seus belos traços. O corpo dela começou a deslizar e, antes que mergulhasse por completo, ele a segurou rapidamente, retirando-a da água, enrolando-a em uma toalha e a conduzindo de volta à cama.

A lareira continuava acessa. Fora uma das ordens que dera à criada – deixar o quarto sempre aquecido. Depois de secá-la, vestiu-a com um roupão de chiffon preto, o qual realçava ainda mais as curvas do seu corpo. Desta vez não a tocou, apesar do forte desejo de possuí-la, e se questionou:

- Por que não? Ela está hipnotizada, posso fazer o que eu quiser...

Para que tais pensamentos não continuassem a rolar em sua cabeça, cobriu-a com um cobertor de pele de coelho, e sentou-se em uma cadeira ao lado da cama até que ela acordasse. Permaneceu ali por horas, guardando seu sono.

Logo ao despertar, ela o questionou:

- Quem me vestiu?

- Eu te vesti.

- Então...

Ele não a deixou terminar. Fitando seus olhos, a fim de deixá-la ainda mais sem ação, disse:

- Então, passei um bom tempo olhando teu belo corpo.

- O que queres comigo?

Em tom firme, sabedor dos seus desejos, continuou:

- Tudo.

- Mas por que sinto que chegamos até o final?

- Eu quis que ficasses com essa sensação para saberes o que estás perdendo. E te digo mais, nós teremos muitos momentos juntos, pertenceremos um ao outro, mas somente quando tu desejares essa aproximação dos nossos corpos.

- E como tu sabes que vou querer? Como podes afirmar isso com tanta certeza?

- Porque eu tenho certeza.

Nesse momento, o diálogo foi interrompido pela criada, trazendo o jantar. Os dois continuaram trocando olhares. Ele pediu que a criada a servisse na cama, devido aos ferimentos em seus pés. Fraca e faminta, ela não rejeitou a alimentação, mas seu estômago não aceitou mais que algumas colheradas.

- Coma mais, senhorita, fiz uma sopa reforçada – diz a criada, preocupada.

- Não consigo, estou com sono.

Sentindo pena da jovem, a criada recolheu o prato que mal havia sido tocado e saiu, a um sinal dele. Depois de alguns minutos de absoluto silêncio, como se pedisse para ele sair do quarto, ela disse:

- O sono insiste em fechar meus olhos.

- Então durma.

- Tenho medo.

- Medo de quê?

- Medo do que tu possas fazer comigo.

- Não precisas ter medo, eu costumo cumprir minha palavra.

- Tu sairás, então?

- Não. Ficarei aqui protegendo o teu sono.

- Mas...

- Eu já disse, não vou tocar-te a menos que queiras.

E um longo silêncio repousou no ambiente. Vencida pelo sono e pelo cansaço, ela adormeceu sentada. Ele se aproximou, acomodou-a na cama, e descobriu seus pés. Esfregou neles uma erva com cheiro de hortelã, juntamente com uma pasta de babosa, até os pés dela ficarem verdes. Cobriu-os novamente, certo de que iriam melhorar.

Ao sair, recomendou à criada que colocasse mais lenha na lareira, para que o fogo perdurasse até o amanhecer.

Com o quarto aquecido, os ferimentos medicados e a fraqueza ainda em seu corpo, ela só acordou no dia seguinte, quando a criada entrou no quarto trazendo o almoço. Disposta com a longa noite de sono, começou a questionar a criada:

- O que estou fazendo aqui neste castelo? Por que sou prisioneira? Quem é aquele homem? O que ele quer de mim? Que festas estranhas são essas?

A criada apenas escutou suas indagações, mas não respondeu a nenhuma delas.

- Estou com muito medo…

E chorou baixinho, cabisbaixa, diante da bandeja de café repleta de sucos, pães, frios, queijos e geléias. Levou a comida à boca. Sem forças para se levantar, mas sentindo a melhora em seus pés, agradeceu a refeição e, ainda deitada, levantou os olhos para o teto. Ficou assim, relembrando tudo o que havia acontecido , até o sono cair sobre ela.

As primeiras estrelas estavam surgindo no céu quando ela despertou. A paz que sentia foi subitamente substituída por insegurança, ao vê-lo em pé junto à cama.

- Estás mais forte agora? – ele foi logo dizendo, enquanto afastava o cobertor e se ajoelhava aos seus pés. Mas as indagações ainda eram suas prioridades no momento. Não notou que, ao se ajoelhar, o gesto dele era de preocupação com seus ferimentos. Foi logo perguntando:

- O que estou fazendo aqui?

- Desejei a tua chegada – respondeu ele calmamente.

- Por que sou tua prisioneira?

- Tu não és minha prisioneira.

- Quem és tu?

- Sou o dono deste castelo.

- O que queres de mim?

- Já te respondi essa pergunta. Quero tudo!

Cortando as perguntas, ele disse:

- Depois do jantar, poderás continuar dormindo.

E saiu do quarto.

Esta rotina perdurou até o sexto dia. Quando a lua se levantava, nessa hora ele aparecia. Mas naquela noite algo diferente aconteceu. Ele não a encontrou na cama. Aflito, percebeu que a janela estava aberta, e que a cortina dançava conforme a melodia do vento. Naquele instante, pensamentos ruins trouxeram-lhe arrependimentos e, quase correndo, ele se dirigiu à sacada.

Suspirou aliviado e feliz ao vê-la admirando a lua. O vento levantava seu vestido e despenteava seus cabelos contra a claridade do céu, e isso lhe foi uma inesquecível visão! Jamais seus olhos haviam registrado tamanha beleza. Não se contendo de tanta felicidade, aproximou-se. Ela olhou para trás, assustada, e, com voz estremecida, disse:

- Quero te agradecer por teres cuidado de mim e de meus ferimentos. Pensei que nunca mais iria voltar a andar como antes, pensei até que iria perder meus pés.

- Mas não tiveste medo?

Ela baixou os olhos e confessou:

- Tive muito medo.

- E ainda estás com medo?

- Sim. Não entendo a razão. Podes me explicar?

- Quero que continues com medo de mim.

- Não estou entendendo...

- Não descansarei enquanto não te possuir.

Atordoada, sem saber o que fazer, ela abriu os braços e gritou:

- Então me tenha... tira-me desta tortura!

Assim como a lua, ela também pensou que aquele homem havia mudado, mas ambas se enganaram redondamente. Neste momento voltou o algoz que estava adormecido nele, que disse:

- Deste jeito, eu não quero. Noto que estás recuperada, então, às onze e meia da noite, quero que vistas aquele vestido vermelho e desças ao salão de festas.

Chorando, ela respondeu:

- Eu não vou!

Em tom autoritário ele disse:

- Tu estás me desafiando? Tu ainda não viste o que é tortura!

E, puxando-a pelo braço, conduziu-a à parte mais negra do castelo...

*Fotos do dia do lançamento.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Primeiro capítulo do Castelo dos Desejos.




























Castelo dos Desejos.

I

Ele tinha poderes para hipnotizar, e fazer o que quisesse com ela. Por este motivo ela continuou completamente imóvel, nua, sentada num confortável sofá estilo romano, forrado com veludo da cor carmim. Cabelos soltos, usando apenas um colar de pérolas brancas que lhe descia até os seios, dando um toque singular ao seu pescoço.

A visão daquela bela jovem iluminava o ambiente sombrio, onde pessoas seminuas compunham o cenário. Paralisada, ela continuava com o olhar fixo naquele homem alto e sedutor, que a deixava em clima de contemplação, porém, imóvel e encolhida de medo.

Ele, por sua vez, atento a tudo, não desviava o olhar da jovem e, com o passar dos segundos, começou a sentir o desejo aumentar dentro de si. Uma vontade imensa de tocá-la. Sem hesitar, ele se aproximou e, de joelhos, por alguns minutos segurou-a com firmeza, sugando-lhe delicadamente os seios. A virgem, que a princípio se encontrara assustada, ficou surpresa por estar gostando. Ele beijou e alisou com as mãos aqueles seios jovens e macios, até sentir-se satisfeito. Os minutos pareceram horas de pura sedução para ambos. Então ele olhou sua boca entreaberta e, fitando-a nos olhos, foi aos poucos se afastando.

Ela sentiu uma incompreensível sensação de insegurança. Do meio da sala, à meia-luz, surgiu uma mulher completamente nua que o abraçou com força, colando seu corpo ao dele. Diante de seus olhos, a dança do sexo começou. Mordidas e gemidos multiplicavam-se a cada segundo. Ela observava, paralisada. Então o sexo se consumou, e o constrangimento era visível na face da bela jovem.

Esse era exatamente o sentimento que ele queria despertar nela. Sentia-se, de certa forma, realizado. Dispensou a parceira com apenas um olhar e começou a vestir-se, deixando a camisa propositadamente aberta, com seu peito másculo e belo à mostra para quem quisesse olhar.

Como se nada tivesse acontecido, ele se aproximou e cobriu o corpo dela com sua capa, estendendo lhe as mãos e tentando conduzi-la até as escadas, em direção ao quarto. Antes mesmo de dar o primeiro passo, ela tentou fugir. Todavia, seus pés pareciam ter vida própria, e foram aos poucos subindo, degrau por degrau, num ritmo contínuo. E também seus olhos não a obedeciam, e não viam nada além dos olhos dele, que atraíam os seus como ímãs.

Ele estava deixando-a cada vez mais constrangida, pois ela sabia o que ele tinha em mente. Por este motivo, subiu as escadas com o coração palpitando e com uma imensa vontade de chorar, até o momento em que chegaram diante da espessa e escura porta de madeira que, por um encanto, abriu-se à aproximação dos dois. Através dos olhos dele, conseguiu naquele instante compreender todas as palavras não ditas, porém claras.


Ela entrou, amedrontada. Ele, em clima de pura sedução. Ele desvia o olhar; ela sai do transe e começa a observar a imponência e a beleza do quarto, e cada um de seus detalhes. Paredes escuras, muitas flores vermelhas de um agradável aroma primaveril. Sobre a cama, um longo e justo vestido de veludo da cor do desejo. Ela o admira por alguns segundos, durante os quais, sem que se desse conta, ele a deixara sozinha. Quando se apercebeu de sua ausência, de certa forma sentiu-se tranqüila. Respirou aliviada, apesar de não saber nem mesmo como havia chegado àquele castelo.

O silêncio foi quebrado por sons vindos do banheiro. Conduzida pelo barulho das águas, ela lentamente se dirigiu, mesmo com receio, em direção à banheira, que recebia água quente de uma torneira dourada. Sem poder resistir, com todo cuidado adentrou-se, sentindo o frio que habitava seu corpo ausenta-se, juntamente com o medo que sentira até aquele momento.

Massageando seu corpo e recompondo suas energias, a água fez com que ela despertasse para o aroma agradável, e só então percebeu a luz de velas que iluminava o ambiente. Assim permaneceu, nesse clima de contemplação, até o momento em que uma criada vestida de preto apareceu e a fez sair do banho, dizendo-lhe que já estava atrasada. Assustada, ela pensou consigo mesma:

- Atrasada para o quê?

A mulher ajudou-a a sair da água e, com uma toalha branca, começou a secar seu o corpo. Conduziu-a então à cama, ajudando-a a colocar o belo vestido, que parecia ter sido confeccionado sob medida para seu corpo, deixando seus seios sensualmente à mostra. A criada ajeitou-lhe os longos cabelos cacheados para cima, deixando apenas um cacho solto à altura dos ombros. Antes de sair, disse-lhe que colocasse o colar e os brincos que estavam sobre a cama e depois descesse até o salão de festas. Meio sem vontade, ela rumou em direção à cama e encontrou um colar de brilhantes adornado por um imenso rubi em forma de coração. Colocou-o e, parada em frente ao único espelho existente no quarto, admirou aquela peça majestosa, possuidora de uma beleza jamais vista. Arrumada conforme lhe fora pedido, dirigiu-se então à porta, mas hesitou ao abri-la. Necessitava saber por que estava naquele lugar. Tomando coragem, saiu do quarto.

A maciez do tapete sob seus pés foi de repente cortada ao pisar a pedra fria. Sentiu também o frio que vinha das paredes do imenso castelo, mas, conduzida pelo volume alto da música, desceu os degraus da escada, em direção ao salão de festas. Andou mais um pouco e observou a penumbra do ambiente, sentindo seu coração disparar – um aviso de que algo inimaginável estava por acontecer.

Ao chegar diante da porta, percebeu que a música diminuíra, e que todos os olhares haviam se voltado para ela. O contraste da cor de sua roupa parecia ter despertado admiração e inveja, pois todos, sem exceção, estavam trajados de preto. Ela olhou para o fundo daquele enorme salão e o viu, sentado em um sofá redondo, cercado por mulheres. Quando ele a avistou, não hesitou em fazer um sinal com a cabeça para que ela se aproximasse.

Descalça, com os pés quase congelados, ela caminhou em sua direção, cruzando aquele ambiente fúnebre repleto de pessoas desconhecidas, sem entender a razão de sua presença naquela espécie de festa-funeral. Aproximou-se com toda a sua beleza angelical – mas seus olhos a traíam, pois transmitiam todo o medo que estava sentindo naquele momento. Sentia-se acuada. Então, tentando disfarçar tal sentimento, baixou a cabeça.

Imediatamente ele percebeu que ela estava com muito frio, pois seus lábios estavam roxos e seu corpo tremia. Com um gesto incompreendido pelos presentes, ele retirou sua capa de veludo preto e a colocou sobre os ombros dela, que lhe agradeceu apenas com um olhar – um olhar assustado, porém um olhar de agradecimento. Ele nem percebeu que, ao praticar essa gentileza, estava despertando a atenção dos presentes. Mesmo assim, continuou afastando as mulheres ao seu redor e fazendo-a sentar-se a seu lado. Todos os olhares estavam voltados para os dois. Para ele, entretanto, era como se ali houvesse apenas aquela jovem, tão perto de seu corpo.

Sentada com os pés afastados do chão, após alguns minutos o frio começou a diminuir. Seus lábios voltaram à cor natural. Enquanto isto, assistiram a diversos números eróticos, executados pelos próprios convidados. No centro da sala, cada movimento, cada gesto das danças, tudo lembrava sexo. Ela estava disposta a sair daquele ambiente indesejável, principalmente quando três bailarinas se aproximaram, jogando as vestes ao chão e chegando nuas até ele.

Ela quis sair imediatamente daquele lugar, mas parecia estar presa ao sofá. Fixou então os olhos nos olhos dele, como que suplicando para que tudo aquilo parasse. Ele leu a súplica em seus olhos, mas não atendeu ao seu pedido, deixando que as mulheres tocassem em todo o seu corpo, sem exceção, apenas para ver qual seria a reação dela. O ato praticado pelas três mulheres não o excitava mais do que o vê-la expressar todo aquele medo e constrangimento.

Então aconteceu o que ela mais temia. Cenas de sexo explícito entre os convidados foram praticadas entre aquelas paredes geladas e imóveis. Não havia pudor. Homens sedentos por sexo, mulheres oferecendo-se sem limites. Ela sentiu que iria desmaiar diante de tal situação inacreditável. Ele a tudo observava, e nada fazia.

Além disso, paralisada e inteiramente horrorizada, ela se preocupava com seu decote, que deixava seus seios à vista de todos, quase saltando do vestido. Por vezes, escondia-os com as mãos, deixando-os livres apenas quando ele balançava a cabeça em sinal de negativa, ao que ela obedecia apenas por puro medo. Não suportando mais aquela constrangedora situação, esperou o momento oportuno e foi aos poucos se afastando, sem ser notada.

Longe dos olhos dele, subiu as escadas correndo, trancou a pesada porta com todas as trancas existentes e, ofegante, arrancou o vestido, dirigindo-se à banheira, que continuava a esperá-la. Desta vez o ambiente exalava um perfume afrodisíaco. De olhos fechados, respirou fundo. Ao abri-los, sem ter tido tempo de se recompor do acontecido, levou um susto ao vê-lo dentro da banheira, à sua espera.

Agindo como se nada tivesse acontecido, ele repetiu o gesto de lhe oferecer as mãos, conduzindo-a para perto. Ela não queria entrar, mas suas mãos estavam presas às dele. A princípio ficou imóvel, sentada em frente a ele. Como a água lhe cobria metade dos seios, o colar molhado reluzia com um brilho que incomodava os olhos. Ele a virou de costas e delicadamente passou as mãos em seu pescoço, tirando o colar sem que ela percebesse. Beijou sua nuca, soltou seus cabelos, e só então virou-a outra vez de frente para si. Segurando seu rosto, beijou seus doces lábios carinhosamente, sem pressa, de uma maneira quase lírica. Ela sentiu seu corpo estremecer, não de prazer, mas de medo. Calmamente, ao perceber a reação da jovem, pela primeira vez ele pronunciou uma frase, em tom firme, na intenção de deixá-la segura.

- Fica calma, não vou te morder.

Ela respirou, aliviada. Aos poucos, aquela sensação de estar gostando da companhia dele tomou conta de seu corpo. Ele sentiu as vibrações que emanavam de seu corpo. Sentiu também que ambos estavam em sintonia com as vibrações do ambiente. Entretanto, possuído pelo desejo, recomeçou o que havia iniciado na festa. Surpreendentemente, ela se sentia segura, mesmo sabendo que não estava, e perguntou a si mesma:

- Por que estou gostando desta situação? Por que este homem desperta em mim sentimentos que não quero sentir? Por que não consigo sair correndo?

E, nos braços dele, seu corpo foi sendo explorado com gestos ousados, outros nem tanto, porém excitantes. Suspiros e gemidos quebraram o silêncio que habitava o ambiente até então. De olhos fechados, ela sentiu que sua pureza daria passagem às delícias do sexo, porque seu corpo estava disposto a se entregar. Só que ele queria muito mais que puro sexo. Beijou-a lentamente da cabeça aos pés, contendo-se para não possuí-la. Então olhou-a bem dentro dos olhos e se afastou.

Ainda não entendendo ao certo o que acabara de acontecer, ela permaneceu ali por alguns minutos, paralisada, tentando se refazer. Saiu da banheira, caminhou em direção à cama, deitou-se e dormiu um sono profundo.

Despertou na manhã seguinte, quando os primeiros raios de sol entraram pela janela, convidando-a a senti-los fora daquele castelo frio e sombrio...

Fotos do dia do lançamento - 05.04.2008.

Bom fim de semana!

Cármen Neves.

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" Se você julga as pessoas, não tem tempo para amá-las"

( Madre Teresa de Calcutá - 1910-1997)